Presente brilhante

Há cerca de 90 anos a Vila das Lajes recebeu um grande presente.

Na altura a vila servia-se de sistemas de iluminação muito precários e dispendiosos. Por isso, em 1930, Manuel Vieira Alves e um grupo de lajenses decidiu elaborar o projeto de eletrificação das Lajes.

Assim, nasceu a Direcção da Empresa Eléctrica composta por Manuel Vieira Alves, com 45 ações, Francisco Xavier d’Azevedo e Castro (padre nascido nas Lajes), com cinco ações, e José Pinheiro Cardoso de Campos (médico natural de Bustelo, Penafiel) com outras cinco ações, sendo as restantes distribuídas por outros treze acionistas e corpos gerentes.

O grupo comprou o primeiro motor (Fiat-Lux) e contrata o alemão Max Corsépius, na altura ao serviço da Deutsh-Atlantische Telegraphengesellschaft (DAT), em serviço na Estação de Cabos Submarinos da Horta.

Uma pequena equipa de eletricistas instalou a rede elétrica nas residências e no dia 22 de janeiro de 1931 fez-se a inauguração oficial da iluminação.

Teve honras de filarmónica e bênção solene do padre, com água benta, e da madrinha, com verdelho do Pico.

Perece que nem a Filarmónica Liberdade Lajense acabou de tocar e já “todos se iam para cada qual, ver o efeito feérico da iluminação dentro das suas residências”, conforme se lê no jornal “O Dever”, de 27 de janeiro de 1931.

Infelizmente o primeiro motor deu ainda algumas dores de cabeça à Direcção da Empresa Eléctrica que acabou por realizar a compra de um segundo, de menor rotação. Esse, sim, garantiu o fornecimento de energia às residências, por mais de 30 anos, até que a empresa foi cedida à administração pública, em 1960.

Por curiosidade, a sede da Empresa Eléctrica das Lajes do Pico foi instalada onde hoje está a Sociedade de Beneficência de Santo António, na Rua Olivença (Rua de Baixo).

Sandra Cristina Sousahttps://www.facebook.com/sandra.c.sousa.77

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  • […] A tempestade queimou os milhos nos campos, provocando, nos anos seguintes, muita fome e doença. Capitão Alves foi um deles. Sem barco e negócio, adoeceu acabando por falecer, pouco tempo depois, com 64 anos de idade. Sem futuro à vista, o seu filho Manuel Vieira Alves dá o salto para a América um ano depois. Regressa passados oito anos com furtuna. […]

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