Da rainha das Panquecas à Capital no meio do Oceano
Manuel Vieira Alves, o último proprietário da casa d’O Engenho, esteve um longo e difícil período nos Estados Unidos da América, como muitos outros açorianos.
No regresso aos Açores deixou de saber o que se passava “lá fora”, chegando as notícias por carta generosa de amigo ou telegrama. Pois este homem não esteve cá com meias medidas e assinou a recepção de revistas internacionais, enviadas por correio periodicamente.
Aos dias de hoje parece lógico e fácil, mas se recuarmos no tempo percebemos que poucos, àquela época, o faziam.
O meu amigo Professor Manuel Azevedo diz lembrar-se “que só se liam revistas estrangeiras no Amor da Pátria, na Cidade Horta, e no Grémio, nas Lajes do Pico, porque o Tio Alves fazia o favor de as levar.”
O Grémio Literário Lajense foi fundado em 1876 e era um local para leitura de revistas e jornais. Era onde se jogava ao bilhar, ao dominó, às cartas e ao xadrez. Consigo imaginar as tardes ou os serões passados à conversa sobre o que se passava no mundo, em torno da leitura destas revistas e jornais.
Ainda hoje ouço dizer que na altura pertencer ao Grémio Literário Lajense conferia estatuto. Bem diferente do que hoje temos, porque podemos ler as revistas, os jornais e os livros que quisermos em papel ou digitalmente, sem muito esforço e a qualquer altura.
No Engenho, encontrámos intermináveis coleções de revistas, livros, jornais e recortes em Inglês, como as revistas mensais: Reader’s Digest (de 1945 a 1973), National Geographic Magazine (de 1953 a 1974) onde encontramos na edição mais antiga uma extensa e reportagem sobre “Honululu, Mid-Ocean Capital” e Argosy-Allstory Weekly (de 1927 a 1930) com histórias, novelas, contos e poesia, onde lemos entre muitas outras histórias a “The Pancake Pricess”.
Havia, ainda, inúmeros exemplares da revista semanal U.S. News & World Report (de 1961 a 1967) recheado de recortes de diferentes jornais, destacando momentos importantes da época.
Manuel Vieira Alves era um homem do mundo!