A ilha dos contrários
Ao contrário do resto da Região, a Ilha do Pico não teve uma grande tradição na produção de cerais. O terreno era “áspero e intratável e muito pedregoso” e só” fértil à cultura dos vinhos.”1
Entre os anos de 1745-46, os picarotos viveram uma das maiores crises de sempre: a falta de cereais provocada por uma grande seca. Sem sustento, as famílias são obrigadas a recorrer a socas, raízes e tremoços na alimentação do dia-a-dia. Durante esses anos, não aguentaram a fome, as doenças e alguns emigraram, na procura de melhor vida.
Dois séculos mais tarde, a ilha recupera. Os terrenos ganham nova força, mas a ilha do Pico continua a ser pouco produtiva em cereais, comparativamente às restantes da Região.
Em 1912 nasce a primeira e única moagem de trigo com carácter industrial, na Ilha do Pico, situada nas Lajes.
Conhecida por Engenho, acabando por dar nome à própria rua e agora ao futuro hostel, dá vida a um novo edifício, com características muito próprias. No entanto, toda a maquinaria antiga foi levada pelo seu proprietário original, no ano de 1932 (?), para São Jorge, numa época em que a actividade dos cereais, em particular o trigo, era bastante produtiva naquela ilha.
Sabemos que em todas as ilhas dos Açores existiam moagens de trigo semelhantes, com a denominação comum de “engenho”.
Como vemos na imagem, a Ilha do Pico adaptou-se à produção do único cereal que a terra produzia − o milho, sendo suficiente para a alimentação do gado bovino e caprino e para a produção de pão, como o típico bolo de milho e pão de milho.
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