Mouraria
No início do Séc. XX as casas senhoriais da Vila das Lajes tinham empregadas de confiança, contratadas ao dia, para os serviços caseiros mais pesados da época.
No inverno lavavam a roupa à mão, nos tanques de pedra existentes nas casas, com alguma água dos reservatórios proveniente da chuva. As roupas eram lavadas uma vez por semana e sempre nos dias de sol para secar pendurada nas “linhas”.
No verão, por economia, as lavadeiras eram mandadas para a Mouraria (na imagem), em horas de baixa mar. Maria Vieira, avó paterna do Mauro, contou-me que iam descalças, ou em meias de lã, por um trilho de pedras roladas até uma zona de nascente de água doce e fresca.
Levavam as roupas em selhas de madeira ou latão à cabeça e ali durante horas, de joelhos, esfregavam em pedras de lavadoiro, alisadas pelo tempo, com sabão azul de barra, “ás vezes o mar rebolava com as pedras que tínhamos de voltar a pôr no sítio. Quando a maré vinha de enchente a gente tinha a roupa pronta a íamos embora. Muitas vezes apanhámos sustos com as vagas de mar, mas conseguíamos escapar com as selhas de roupa molhadas à cabeça e sem nunca perder uma peça de roupa. A gente ajudava-se umas às outras e nunca caíamos.
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A mouraria hoje