A lenda do baleeiro
Naquela tarde arriaram quatro botes baleeiros das Lajes do Pico.
Quando avistaram a baleia em alto mar, foi ver quem mais depressa se posicionava.
O trancador atirou o arpão e acertou, mas a baleia mergulhou. Levou a primeira celha de linha, levou a segunda e antes que a ponta se perdesse, o trancador decidiu amarrá-la à cintura. Mas a baleia não parou de mergulhar e lá se foi o trancador para o fundo do mar.
Imperou um silêncio de morte entre os baleeiros.
Os quatro botes baleeiros mantiveram-se à espera que o corpo regressasse à tona de água, mas tiveram de regressar às Lajes ao entardecer com as más notícias. As mulheres enlutaram-se e preparou-se o funeral.
No outro dia, voltaram à procura do corpo do trancador e algumas milhas à frente avistaram um vulto no mar.
Lá estava o baleeiro de pé, sobre a grande baleia, já morta, encostado ao cabo do arpão. E como se nada se tivesse passado disse, enquanto fumava um cigarro, embrulhado em casca de milho:
̶ Só agora? Estive aqui a noite toda à vossa espera!
P.S.: esta é uma história contada e recontada de pais para filhos há várias gerações. Mistura factos com fantasia, não havendo forma de afirmar quais.